Sérgio Vieira de Mello
Sérgio Vieira de Mello
Biografia
A história de Sérgio Vieira de Mello confunde-se com a história de uma das mais importantes organizações internacionais, a Organização das Nações Unidas (ONU); os ideais desta organização foram os ideais de sua vida. Ainda jovem, através desta organização, Sérgio alistou-se nas questões humanitárias mais urgentes de seu tempo,pretendendo a promoção da paz como meio eficaz de convivência, não só entre as pessoas, mas, sobretudo, entre as nações.
Seis anos após a criação da ONU, ocorrida em 1942, nascia no Rio de Janeiro Sérgio Vieira de Mello, filho do diplomata brasileiro Arnaldo Vieira de Mello e de sua esposa Gilda.
Sua vida sofre uma reviravolta por volta dos anos 60, marcados no Brasil por turbulentos acontecimentose pelo Regime Militar. Neste contexto, Sérgio conclui o ensino médio e, após curto período na Universidade Federal do Rio de Janeiro, muda-se para a Europa, onde estuda filosofia. Neste mesmo período a ONU amplia seu número de membros. Novos países desejosos de cooperarem para um mundo mais harmonioso aliam-se aos demais países membros em busca sempre do consenso, de maneira a se distanciarem dos perigos das guerras.
De espírito rebelde, Sérgio, em maio de 1968, participa das manifestações de estudantes e trabalhadores ocorridas em Paris. Como marca deste espírito, passa a exibir uma cicatriz em seu rosto, resultado do espancamento que sofrera por parte dos policiais responsáveis por conter as manifestações.
Dois acontecimentos marcaram o ano de 1969, bem como a vida de Sérgio Vieira: seu pai é forçado a se aposentar do serviço diplomático brasileiro _ Sérgio não perdoará o governo brasileiro pelo tratamento dispensado a seu pai; e, após graduar-se pela Sorbonne, ingressa no escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) em Genebra _ este é o ponto inicial de uma carreira bem sucedida na ONU.
De espírito inquieto, Sérgio não gostava de escritórios e burocracias, sentia-se melhor em campo. Seu trabalho na linha de frente começou em 1971, em Daca, antigo Paquistão Oriental, atual Bangladesh; serviu ainda no Sudão, no Chipre, em Moçambique, no Líbano, no Camboja, na Bósnia, em Ruanda, no Congo, em Kosovo e no Timor Leste. Esteve nos principais conflitos de guerra de sua época. Por isso, foi chamado para sua missão mais difícil: o Iraque.
Em 1973, novamente dois acontecimentos marcam a vida de Sérgio: em 9 de junho casa-se com Annie Personnaz, com quem terá dois filhos, Laurent (nascido em 1978) e Adrien (nascido em 1980); o outro acontecimento é a morte de seu pai, Arnaldo Vieira de Mello, em 12 de junho de maneira súbita no Rio de Janeiro.
O trabalho de Sérgio consistia em ajudar os refugiados dos conflitos bélicos a retornar para seus lares ou a encontrar um novo lar. Atuou também como presidente do comitê geral da Conferência Internacional sobre os Refugiados Indochineses e como conselheiro político nos conflitos da Bósnia e do Timor Leste, função que desempenhou a partir sempre da compreensão das necessidades e do respeito às potencialidades das populações vitimadas, de maneira a melhorar paulatinamente suas condições de vida.
Sérgio Vieira de Mello ocupou relevantes cargos na ONU: foi subsecretário-geral para assuntos humanitários e coordenador de ajuda humanitária de emergência nos anos de 1998 e 1999 e alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Em 19 de agosto de 2003 esta carreira brilhante foi interrompida. Um homem-bomba lançou um caminhão contra o quartel-general da ONU em Bagdá. Naquele edifício, Sérgio atuava como representante especial do secretário-geral Kofi Annan no Iraque dirigindo uma pequena equipe política. Neste atentado morreram Sérgio Vieira de Mello e mais 21 outras pessoas.
Para sempre fica o legado de uma vida de trabalho em prol da paz mundial e do bem-estar das populações vítimas das bestialidades das guerras.